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Eu quero que meninas negras, assim como eu, que sonham grande, que tenham desejo de mudar suas realidades, possam frequentar todos os ambientes e ter acesso a oportunidades, independentemente de sua etnia, da sua cor, da sua situação financeira.”

O depoimento é de Isabelle Christina dos Santos Silva, de 15 anos, moradora do bairro Grajaú, em São Paulo, que participou do programa da Recode e encontrou apoio para usar a tecnologia como uma ferramenta de mudança em sua vida e sua realidade. Bolsista do Colégio Bandeirantes, um dos mais conceituados da cidade, ela decidiu fazer sua parte para ver mais afrodescendentes nos espaços de cultura e lazer que passou a frequentar.

Assim, apesar da pouca idade, já ajudou a ampliar os horizontes de outras 30 estudantes de diversas regiões da capital paulista por meio do projeto Meninas Negras. A iniciativa busca fortalecer o empoderamento digital dessas jovens, que usam ferramentas como Skype e Hangout para estudar disciplinas como Português, Matemática, redação e Inglês, além de aprenderem sobre o universo da tecnologia e empreendedorismo.

Segundo Isabelle, o contato com o conteúdo da Recode ampliou sua visão sobre o poder transformador da tecnologia. “Com certeza a Recode impactou a minha vida por meio desses cursos e por meio da forma de abordagem. Tem vários cursos online, mas não passam o conteúdo de uma forma clara que a gente consiga entender, tanto para nossa idade quanto para estimular a ver o mundo de outra forma. Acho que esse é um diferencial muito grande na proposta da Recode”, conta ela, que sonha em ver suas colegas como futuras lideranças para o país.

Apoio maternal

As participantes do projeto ainda recebem orientação individualizada para desenvolvimento de suas carreiras. Essa tarefa fica por conta da mãe de Isabelle, Regiane Cruz, principal incentivo e inspiração da jovem.

Regiane acompanhou um grupo de dez meninas de 12 a 24 anos na Experiência Recode de Empreendedorismo, evento realizado em dezembro de 2017. “A parceria foi fantástica. As jovens se reuniram virtualmente para discutir e criar o projeto digital e passam a sonhar grande. Muitas já querem ser programadoras. É isso que a gente quer, atuar como facilitadoras, dando suporte mesmo”, afirma Regiane, que planeja transformar a iniciativa em uma ONG, com sede própria, em 2019.

Inovação

Menos de 1 ano após a criação do projeto, as jovens já aproveitaram diversas outras oportunidades no mundo da inovação, como participação em hackathons e eventos como a Campus PartyOutro destaque foi a participação na Technovation 2018, competição internacional de criação de aplicativos para desafios sociais específica para meninas de 10 a 18 anos.

Um dos times formados por elas teve apoio de mentores do mercado de TI para desenvolver o app “Scoliosis Diary”, voltado para o registro diário dos sintomas por pacientes com esse tipo de encurvamento na coluna. O aplicativo representou o Brasil como semifinalista global no campeonato. “Já estamos nos preparando para a próxima edição”, comemora Isabelle.

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