[:pt]

Apesar da crescente importância da tecnologia, faltam profissionais qualificados para atuar nesse setor. Mesmo sendo usuárias de apps, redes sociais e outros dispositivos digitais, o público feminino ainda tem pouca participação na área tecnológica.

Para estimular o aumento da participação feminina em tecnologia, reunimos cerca de 40 mulheres para um dia inteiro dedicado às novas tecnologias, através do Digigirlz Day, realizado em parceria com a Microsoft. O evento será realizado amanhã, dia 9 de março, em um ambiente totalmente virtual e gratuito.

As participantes poderão ficar por dentro das tendências e oportunidades do mercado de trabalho, além de pensarem soluções para problemas da sociedade usando a tecnologia. Nesta edição, convidamos Sil Bahia, Codiretora Executiva do Olabi e Coordenadora da iniciativa PretaLab e Soraya Burgos, Psicóloga Clínica, Especialista em Gestão de Recursos Humanos e Coach Vocacional e de Carreira; para compartilhar suas experiências com as participantes e falar sobre os desafios das mulheres na área.

Também, batemos um papo com elas sobre sobre mercado de trabalho, empregabilidade e carreira em tecnologia. Confira abaixo!

Com a tecnologia se tornando cada vez mais parte de nossa vida, não é surpresa que o mercado valoriza o profissional especializado nessa área. Apesar de ser uma área em crescimento, vemos ainda um índice pequeno de mulheres em tecnologia. Por que você acha que isso ainda ocorre? 

Sil Bahia: Acho que isso acontece porque ainda somos pouco estimuladas a experimentar, criar e produzir tecnologias. Além da falta de estímulo, os espaços como os cursos de graduação e posteriormente o mercado de trabalho ainda são lugares muito hostis em geral para as mulheres. A questão do acesso e a falta de oportunidade também são barreiras para nós. 

Apesar dos obstáculos ainda existentes, você acredita que hoje em dia está mais fácil para as mulheres ingressarem no mercado de tecnologia?

Soraya Burgos: A grande dificuldade que as mulheres enfrentam para entrar na área de tecnologia está diretamente ligada à cultura. Isso por conta de que as profissões relacionadas à Tecnologia são vistas como em sua maioria masculinas. Além disso, existe uma série de mitos que percorrem os sistemas educacionais e familiares que influenciam as escolhas profissionais femininas.

A sociedade, de forma clara ou não, diz às meninas que elas nasceram para cuidar de pessoas, que devem se dedicar a estudos na área de humanas. Por isso, é comum (mas não natural) que elas procurem carreiras como Docência, Enfermagem, Direito, Nutrição, Psicologia, Serviço Social, entre outras desse nicho. Por outro lado, cursos como Engenharia, Ciência da Computação, Administração Financeira, entre outras de exatas, são vistos como verdadeiros redutos masculinos. Com certeza há muitos desafios para vencer essa visão patriarcal, mas também existem excelentes oportunidades, que já estão sendo sinalizadas pelas organizações. Isso diz respeito ao déficit de profissionais de Tecnologia. Levando o mercado a entender que, para suprir uma demanda tão importante, é fundamental incluir as mulheres.

A Tecnologia é uma carreira para muitas mulheres que querem se reinventar. É uma opção em que há a possibilidade de crescimento, e que ao mesmo tempo em muitas organizações é mais flexível, pois oferece a possibilidade de trabalho remoto para conciliar com as atividades de casa.

O que você sugere para meninas e mulheres que desejam ingressar na área tecnológica? 

Sil Bahia: Sugiro que elas se aproximem de grupos, coletivos de mulheres que estão pautando e/ou criando espaços para que outras meninas e mulheres possam experimentar tecnologias. Em geral, é muito melhor aprender/entender com quem se parece com a gente. 

Como elas podem se preparar para ocupar estes espaços?

Soraya Burgos: Como dicas para o ingresso na área tecnológica, acredito que devemos apostar em cursos e estudos com certificações no mercado. Uma boa opção para começar, é buscar informações na internet. Existem muitos sites e plataformas interessantes, com excelentes conteúdos disponíveis. É necessário também estar atenta às mudanças da área de Tecnologia, que são muito dinâmicas. Buscar participar de eventos, workshops e palestras, além de grupos de discussões e troca de experiência entre participantes é interessante para se atualizar e compartilhar ideias. Um pensamento é não acreditar que o mercado de tecnologia não é para mulheres, independentemente da posição profissional que busca. É importante, também, interagir com mulheres que já ocupam esse espaço, e possam compartilhar experiências e desafios. 

Conheça a história de Laura Santos, 20 anos, que participou da edição de 2020 do DigiGirlz e hoje busca uma carreira em tecnologia.

[:]