A realidade de José Neto Oliveira de Souza sempre foi distante da tecnologia. Sem celulares modernos, computador ou outros equipamentos eletrônicos mais sofisticados, o morador de Umburanas, no interior da Bahia, se dedicava a operar tratores agrícolas. Até que veio a pandemia e, desempregado, Zé Neto, como é conhecido na região, percebeu através do projeto da Engie e da Recode na cidade que o mundo digital ainda pode transformá-lo, mesmo aos 46 anos.
O encontro do tratorista com a informática começou à moda antiga. Ele nem imaginava que um panfleto que receberia na rua seria tão importante para uma requalificação profissional: “Coloquei os óculos e percebi que tinha um curso acontecendo na cidade. Já que estava dentro de casa a maior parte do tempo, sem fazer nada, pensei em fazê-lo”, conta Zé Neto.
Graças a uma parceria com a Engie, a Recode leva o empoderamento digital gratuitamente para o município baiano. O Fórum da Cidadania de Umburanas foi equipado com internet e todas as ferramentas necessárias para que os moradores pudessem ter desde o primeiro contato com a informática até temas como gestão de projetos e modelagem de aplicativos, desenvolvimento de competências digitais para o mercado de trabalho ou para a vida pessoal. Para a primeira turma, foram selecionados neste semestre 40 participantes, dentre eles, Zé Neto.
A ausência do acesso à internet em casa não impediu o tratorista de aprender. Através de um tablet, emprestado pelo projeto, ele pôde realizar toda a formação de maneira remota. Quando tinha dúvidas ou precisava enviar ou receber alguma informação, era só ir no ponto de apoio e, seguindo os protocolos sanitários de segurança, conversava com o time de educadores. O resultado foi positivo.
“Aprendi coisas que jamais imaginei. Eu não sabia nada de informática. Não fazia ideia do que era on-line, off-line e nunca tinha visto um tablet na vida. Agora, sei mexer em e-mail, montar currículo e como me comportar em entrevistas de emprego. Recebi boas dicas”, comemora ele, que nunca havia recebido um certificado.
E não para por aí. O gosto pela tecnologia foi tão grande que Zé Neto pretende fazer um “upgrade” e concluir outras formações da Recode: “Quero continuar estudando e conhecendo o mundo digital. Vou até vender umas galinhas para comprar um tablet”, planeja.
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